Hora de fazer uma das coisas mais complicadas que existem: comprar presentes de Natal. Ontem, depois de uma pequena maratona em busca do(s) presente(s) perdido(s),me lembrei de uma matéria interessante que saiu na revista Criativa de novembro, sobre presentes dados por namorados, maridos, ex ou paqueras que conseguiram desagradar profundamente a pessoa presenteada.
Tem uns ótimos. Uma leitora que mora nos Estados Unidos conta que deu um relógio caríssimo pro namorado e recebeu dele duas camisetas brancas, das mais básicas que existem, com um detalhe: ele disse na hora da entrega que se lembrou da amada quando viu as camisetas.
Outra leitora espalhou pra todo mundo que iria parar de fumar no dia de Natal e ganhou do companheiro... um isqueiro!
Outro parceiro criativo deu pra namorada um chaveiro com a letra K de todo tamanho – só que o nome dela não começa com K.
Responder o quê quando você recebe um presente assim?...Todas nós sabemos que o importante é o gesto – você já deve ter lido e ouvido essa frase umas 58 vezes...
Só que, quando o presente não tem nada a ver com quem ganha, acaba comprometendo um pouco o gesto, como se a tradução fosse: “Eu tinha que te dar um presente e comprei a primeira coisa que apareceu, porque não me importo o suficiente com você”. Sabemos que nem sempre é o que acontece. Às vezes a pessoa compra algo que acha que se parece com a gente, ou seja, ela teve o cuidado de escolher um presente que achava que iria nos agradar. O problema aí não é o descaso, que não houve – é o erro de avaliação. A pessoa não nos percebe como somos (e convenhamos: ninguém tem essa obrigação).
O fato é que todos nós estamos sujeitos a esse erro e por isso mesmo acertar na compra de um presente é quase uma loteria.
Eu já ganhei um dicionário de francês de Natal no começo de um namoro. Não muito romântico, né?
Um amigo gay ganhou dois anos seguidos um vasinho de violetas – dois companheiros consecutivos acharam que era um bom presente. Não que ele não goste de ganhar flores, mas “violetas de supermercado” no Natal, como ele diz, dadas por alguém por quem você está apaixonado, costumam ficar aquém das expectativas. “É quase como ganhar um pacote de macarrão”, brinca meu amigo.Mas no fim tudo é festa.
O presente que não dá certo na hora sempre rende boas histórias depois. O importante é ter senso de humor pra processar isqueiros, chaveiros com a inicial errada e violetas em série na noite de Natal. E ter muito, muito cuidado na hora de escolher o que vamos dar.
Uma amiga da minha mãe ganhou um talco de presente de um aluno e, sem se lembrar de quem tinha ganhado, “reciclou” o presente: deu pra mãe dele no aniversário dela. O menino viu quando a mãe desembrulhou e, na frente de todo mundo, começou a gritar que era o mesmo talco que ele tinha dado pra professora.
Ela quis morrer de tanta vergonha e se, antes do acontecimento já detestava talco (por isso o presente estava encostado), depois do ocorrido nunca mais pôde ver nem a palavra. E o pior é que o aluno ficou emburrado com ela até o final do ano letivo.
Por tudo isso, amiga, boa sorte nas suas compras de final de ano. Não gaste além da conta, não compre pra outra pessoa o que você gostaria de ganhar (vocês podem não ter o mesmo gosto), cuidado na hora de escolher qualquer coisa com iniciais, evite a prateleira de violetas no supermercado e, acima de tudo, pense três vezes antes de reciclar um presente.
Por Leila Ferreira,jornalista.
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